Angela Leite - 0

Anta

Anta (Tapirus americanus) *


É aquela que faz todo dia sempre tudo igual, o que lhe valeu que os índios chamassem a Via Láctea de caminho do tapir, comparando-a à trilha marcada por sua caminhada rotineira. De noite ela sai sozinha ou com seu companheiro, à cata de raízes, folhas e frutas caídas no chão. Não dispensa seu banho diário, na hora habitual.

É o nosso maior mamífero terrestre, chegando a dois metros de comprimento por um de altura, habitando a América Latina, das Guianas ao Rio da Prata. Mora sempre perto de rios, lagoas ou pântanos onde se deleita ou se refugia quando perseguida, pois nada, mergulha e anda à vontade pelo leito da água, como os hipopótamos.

Também na corrida se destaca, rápida e robusta como seus colegas de ordem (de número de dedos), reagindo ao perigo numa desabalada carreira. Dentro da mata cerrada seu resistente couro a defende dos obstáculos, mas não do golpe certeiro do caçador e da onça, que se postam de tocaia em sua rota habitual.

Embora não esteja no índex dos nossos animais ameaçados, nada a protege do destino dos outros três tapirídeos (uma espécie asiática e duas latino-americanas) que já lá estão.

Em vista de tão exíguas defesas, a natureza dotou seu filhote de um manto malhado protetor, que, ao menos, no lusco-fusco, lhe dá uma chance de passar despercebido.

O rebento leva treze meses para nascer, outros seis mamando e vem dotado de duas grandes aptidões: ouve e cheira muito bem, com suas orelhas móveis e sua tromba peculiar.

* Nome científico à época da redação do texto, atualizado para Tapirus terrestris